quinta-feira, 30 de abril de 2009

Qual o significado de "ateu?"


"Ateu é aquele que nega e,
só se pode negar aquilo que existe."


(Resposta de Santo Tomás de Aquino quando lhe perguntaram o que é um ateu)

Auto da Índia

Release em breve...

domingo, 26 de abril de 2009

Farsa de Inês Pereira

Acusado de plagiar autores espanhóis, Gil Vicente propõe a seus acusadores que deem-lhe um assunto para que ele desenvolva uma obra provando assim que tinha talento e personalidade. Aceita sua proposta, deram-lhe como tema um provérbio que diz: "Mais quero asno que me carregue, que cavalo que me derrube." Esse é o cerne de "A Farsa de Inês Pereira", donde entre outras, consta as personagens:

*Inês -> não aceita e não quer cumprir o papel da mulher de sua época, pois para ela a mulher não foi feita para viver enclausurada, fiando e esperando que lhe arranjem um marido, pois para esse, ela mesma daria a palavra final quando lhe apresentassem . Negando-se a fazer os trabalhos domésticos, ao chegar em casa sua mãe e ver que Inês não fiava, fica brava e a chama de preguiçosa ao tempo que ela rebate dizendo que preguiçosa era ela por tardar em arranjar-lhe um bom marido; marido esse que deveria ser fino, culto e de alta classe. (Com esse perfil de Inês, Gil Vicente já começa dar sentido ao tema de sua farsa)
*Mãe de Inês-> tem uma visão mais ampla da mulher contemporânea e, quer escolher o marido ideal para a filha.
*Lianor Vaz -> tipo de cupido - recebe dinheiro por isso - da época que faz o papel intermediário em casos amorosos; quando chega a casa de Inês, conta que no caminho fora atacada por um clérigo que queria violentá-la, o que realmente aconteceu, mas ao contá-lo, quer despertar em Inês os desejos da carne, preparando assim terreno para Pero Marques, seu primeiro pretendente.
(Nessa passagem Gil Vicente ataca o clero de sua época que era devasso, dissimulado e infiel)
*Escudeiro e
Pero Marques -> primeiro e segundo maridos de Inês, respectivamente.

Síntese
Inês casa-se com Escudeiro - que essa julga ser o marido ideal, pois sabe tanger viola e parece fino e culto -, mas instantâneamente se arrepende, pois quando sua mãe traz algumas moças para comemorar o acontecido, esse diz à Inês que desejava ser solteiro novamente; esse foi só o começo da desgraça para Inês; quando chegam a casa, o marido a enclausura e a proíbe de falar com qualquer pessoa e sai viajante deixando seu moço a cuidar e "vigiar" a esposa. Inês deseja que ele nunca mais retorne, porque a vida agora é pior que a primeira. Depois de algum tempo ela recebe uma carta informando que seu "bravo escudeiro" fora morto ao fugir de um mouro. (Gil contrasta nesse ponto a valentia de Escudeiro em casa e sua covardia ao ser morto por um mouro, o que era considerado desonroso para um escudeiro). Para Inês foi difícil disfarçar a alegria de ser viúva; ela finge um sentimento de luto ao receber visitas, mas o que ela que quer mesmo é casar-se novamente; e casa-se, agora com Pero Marques, aquele que rejeitara antes de conhecer Escudeiro, pois julgara-o pouco inteligente e honesto demais quando esse preferiu retirar-se a abusar dela quando ficaram sós em sua casa. Pero Marques que humildemente se conformou ao ser rejeitado pela pretendida, agora volta para desposá-la definitivamente e, por ter personalidade fraca, Inês faz desse seu "asno", encerrando assim essa
farsa onde Escudeiro seria o cavalo e Pero Marques o asno que, assim que se casa, Inês já pretende traí-lo. (AA)

quinta-feira, 23 de abril de 2009

A Cidade Ilhada

Este livro, "A cidade ilhada" é composto de 14 contos vividos ou simplesmente criados por Milton Hatoum; descendente de libaneses, Hatoum - em quase todos esses contos - cita sua cidade natal, Manaus, daí o título do livro que também poderia ser "Manaus, a cidade ilhada." Esse foi o primeiro escrito em contos e reúne fatos que aconteceram ou foram criados e agora aprimorados para essa edição; seis desses são novos dos quais destaco dois, "Bárbara no inverno" e "Encontros na península". O primeiro é sobre amigos brasileiros, exilados na França enquanto dominava a ditadura no Brasil, protagonizado por um casal de namorados, Bárbara e Lázaro, mas que acaba em tragédia no Rio de Janeiro. No segundo, o autor narra em primeira e terceira pessoa a história de uma ricaça viúva espanhola que quer ler as obras de Machado de Assis e o contrata para ser seu professor de português alegando que só aprendendo o português brasileiro entenderá o homem como amante, pois já lera algumas obras machadianas e ainda não o encontrou. (AA)

HATOUM, Milton. A Cidade Ilhada: contos - São Paulo: Companhia das Letras, 2009.


Milton Hatoum
Tive o prazer de conhecê-lo no "Encontro dos alunos de Letras" realizado na faculdade UNIFIEO e pedir detalhes sobre o conto "Encontros na península", que pra mim foi o melhor.
Hatoum foi professor universitário em Manaus ; atualmente mora em São Paulo e, além de escritor é colunista do jornal Folha de São Paulo.


sexta-feira, 17 de abril de 2009

Auto da Barca do Inferno

O HOMEM SEMPRE SE PERGUNTA DE ONDE VEIO E PRA ONDE VAI APÓS A MORTE. HÁ MUITAS ESPECULAÇÕES SOBRE REENCARNAÇÃO, MORTE DEFINITIVA, PARAÍSO, PURGATÓRIO, CÉU E INFERNO; CADA PESSOA ACREDITA NUM DESSE FIM PRA SUA ALMA – É CERTO QUE TODOS ACREDITAM QUE VÃO AO CÉU OU AO INFERNO PELO QUE FEZ OU NÃO EM VIDA. DIANTE DISSO, O ESCRITOR PORTUGUÊS, GIL VICENTE ESCREVEU EM 1517 A TRILOGIA: AUTO DA BARCA DO INFERNO, AUTO DA BARCA DA GLÓRIA E AUTO DA BARCA DO PURGATÓRIO. NESSA PRIMEIRA O AUTOR EXPÔS A SOCIEDADE PORTUGUESA ANTE AOS OLHOS DO DIABO E DO ANJO NUMA FORMA DE CRÍTICA DA MORALIDADE E AUTOANÁLISE.
ESTA OBRA ESCRITA EM DIÁLOGOS E OBVIAMENTE FEITA PARA O TEATRO, EXTERNA O PENSAMENTO DE CADA PESSOA AO SE DEPARAR COM O DIABO A BORDO DA BARCA AGUARDANDO-O; AO TOMAREM CONHECIMENTO DO DESTINO DA BARCA INFERNAL – EXCETO O JUDEU QUE, NEM O DIABO QUERIA LEVÁ-LO – , PASSAM DIRETO PARA A BARCA DA GLÓRIA ACREDITANDO QUE O ANJO IRÁ REDIMI-LOS DE SEUS PECADOS.
O PRIMEIRO A CHEGAR É O FIDALGO, REPRESENTADO PELO ORGULHO E PELA ARROGÂNCIA, MAS LOGO É DESPACHADO PELO ANJO E VAI-SE À BARCA DOS DANADOS; OS OUTROS VÊM A SEGUIR, NESTA ORDEM E REPRESENTANDO CADA QUAL SEU TIPO DE PECADO:
O ONZENEIRO: (TIPO DE AGIOTA QUE COBRA JUROS DE 11%); VEM COM UMA BOLSA QUE SIMBOLIZA A USURA E TENTA COMPRAR O PARAÍSO; O PARVO: TOLO QUE TINHA DUAS FUNÇÕES: DRAMÁTICA E IRÔNICA; ERA TAMBÉM ZOMBADOR E APARECE VÁRIAS VEZES NA PEÇA; O SAPATEIRO: ROUBAVA OS CLIENTES; NO FINAL DA VIDA PASSOU A FREQUENTAR MISSAS PARA GANHAR O CÉU; O FRADE: SÍMBOLO DO PECADO, POIS TINHA UMA AMANTE, A FLORENÇA. FOI MUITO IRONIZADO PELO PARVO; A ALCOVITEIRA: BRÍSIDA VAZ, QUE ACREDITA TER SIDO UMA MULHER SOFREDORA E POR ISSO TERIA LUGAR NA BARCA DA GLÓRIA; O JUDEU: QUIS PAGAR PRO DIABO LEVÁ-LO; CARREGAVA UM BODE NAS COSTAS PARA SIMBOLIZAR MOISÉS, RENEGANDO A CRISTO. POR FIM, FOI LEVADO A REBOQUE PELO DIABO DEPOIS DE MUITA INSISTÊNCIA; O CORREGEDOR E O PROCURADOR: CARREGAVAM CONSIGO PROCESSOS E LIVROS, SÍMBOLO DE SEUS TRABALHOS INESCRUPULOSOS; O PRIMEIRO QUERIA PROVAR ATRAVÉS DA LEI QUE DEVERIA IR PARA O PARAÍSO; O ENFORCADO: CRIMINOSO CONDENADO; CARREGAVA NAS MÃOS A CORDA PARA MOSTRAR COMO PAGOU SUAS DÍVIDAS PERANTE A SOCIEDADE, MAS ESQUECERA DE PAGÁ-LAS A DEUS E, POR FIM CHEGAM OS QUATRO CAVALEIROS: MÁRTIRES DO EVANGELHO; CARREGAVAM A CRUZ DE CRISTO, SÍMBOLO DE RELIGIOSIDADE; ESSES ERAM OS QUE O ANJO ESPERAVA PARA PARTIR DO CAIS RUMO À GLÓRIA.

COM ESSE AUTO, GIL VICENTE QUIS MOSTRAR À SOCIEDADE PORTUGUESA QUE TODOS TÊM PECADOS E DEVEM SALDÁ-LOS EM VIDA E ASSIM TAMBÉM PROPAGA A FÉ E O EVANGELHO DE CRISTO.
GIL VICENTE FOI O PRINCIPAL AUTOR QUINHENTISTA QUE, ALÉM DOS AUTOS DE MORALIDADE, PASTORIS E CAVALEIRESCOS ESCREVEU TAMBÉM AS FARSAS E AS ALEGORIAS. (AA)

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Acordo Ortográfico

- Vejamos o que mais muda nesse acordo.
O ACENTO AGUDO DESAPARECE NOS DITONGOS ABERTOS "ei" E "oi" DAS PALAVRAS PAROXÍTONAS.
- Certo... certo... A regra parece bem simples. Só falta eu achar aqui nessa joça, que diacho significa isso de "DITONGO" e "PAROXÍTONA"...
GRUMP - Orlandeli

Remorso

Sinto o que esperdicei na juventude;
Choro neste começo de velhice,
Mártir da hipocrisia ou da virtude.
Os beijos que não tive por tolice,
Por timidez o que sofrer não pude,
E por pudor os versos que não disse!


Olavo Bilac (1865-1918); carioca considerado o mais importante poeta parnasianista. (AA)



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